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2023-06-07    IAOD

José Maria Pereira Coutinho

“A questão dos internamentos sociais”

 

Nos últimos cinco anos, o nosso Gabinete de Atendimento aos Cidadãos tem vindo a receber com alguma regularidade e cada vez mais pedidos de apoio por parte de familiares que têm a seu cargo idosos que após recuperados de doenças nos hospitais e terem alta clínica são pressionados a libertar as camas para serem ocupadas por outros doentes. Na maior parte das vezes, estes utentes não querem sair dos hospitais porque não têm retaguarda familiar ou condições próprias de acolhimento nas suas casas.

 

São múltiplos os casos de pessoas que, após eventuais tratamentos clínicos e tendo alta hospitalar, se confrontam com o inultrapassável problema de não terem para onde ir ou de quem eventualmente os acolha. A maior parte dos prolongamentos de altas hospitalares incide sobre grupos etários com idades mais avançadas sendo também os principais grupos admitidos nas urgências. Estes utentes não têm condições para regressar ou permanecer nas suas residências, quer por ausência de autonomia quer por dificuldades ou ausência de capacidade de autocuidado ou por razões pessoais ou insuficiente ou inexistente suporte familiar ou rede formal de apoio.

 

De referir que o prolongamento do internamento hospitalar após alta clínica, ou seja, para além do período clinicamente necessário pode originar outras complicações evitáveis para o utente já recuperado das doenças, aumentado o risco de infecções nosocomiais e de agravamento dos estados de dependência. Também existe o impacto na ocupação de camas hospitalares aumentando os tempos de espera para internamentos electivos (incluindo cirurgias) e no congestionamento dos serviços de urgência, com degradação dos cuidados de saúde aos doentes.

 

Por isso apelo às competentes autoridades de saúde e de assistência social para elevar o nível de prestação de cuidados às famílias com dificuldades na assistência dos seus familiares elevando-se a eficiência no planeamento da alta hospitalar que representa um momento crucial para o sucesso da continuação e tratamento da recuperação dos utentes recuperados das doenças, seja através do regresso ao domicílio ou, sempre que a situação de dependência e ou incapacidade não o permita, e por razões sociais, nomeadamente por insuficiente ou inexistente apoio familiar ou de rede formal de suporte, com recurso ao acolhimento em resposta social pronta e eficaz evitando-se a todo o custo o prolongamento na resolução dos problemas.

 

Como acabamos de referir uma intervenção concertada e articulada, entre os profissionais de saúde e sociais, os doentes e as famílias num contexto de planeamento da alta hospitalar é um factor determinante e decisivo para que seja bem sucedida a recuperação e a reintegração no período de pós-alta.

 

As autoridades competentes nomeadamente da área de saúde e serviços sociais devem reforçar a articulação de modo a permitir que os utentes que não tenham autonomia ou rede de suporte familiar possam ser acolhidos imediatamente em lares devendo ser melhorados os vários tipos de apoios tais como os apoios psicossociais, elevar a formação dos cuidadores informais e outras estruturas físicas que complementem as necessidades destas pessoas como o aumento das vagas em rede de cuidados continuados integrados.

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