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2023-03-29    IAOD

José Maria Pereira Coutinho

“Conferência da Água das Nações Unidas 2023”

 

No passado dia 22 de Março, celebrou-se o “Dia Mundial da Água”, tendo as Nações Unidas organizado nos dias 22 a 24 de Março deste ano, a “Conferência da Água” destinado a promover a importância da água como o bem comum global mais precioso da humanidade. Este evento e os quase 700 Compromissos resultantes dos dois dias da Conferência quase que passaram despercebidos na RAEM, com excepção das autoridades competentes terem sugerido aos cidadãos para tomar banho no espaço de cinco minutos.

O objectivo da referida data, foi o de chamar a atenção para a crise global de água e em conjunto encontrar soluções para alcançar os objectivos e metas internacionais acordados e constantes da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável do planeta. De referir, que muitos dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável, (ODS), estão atrasados na sua concretização, quer na redução, qualidade e saneamento da água por estarem intimamente relacionados com a saúde, alimentação, educação, indústria, clima e meio ambiente.

Na Conferência da Água das Nações Unidas que ocorreu nos dias 22 e 24 de Março, na sede das Nações Unidas em Nova Iorque, foi pedida aos participantes para que sejam mais interventivos nas acções de protecção deste bem comum. No final foi elaborado um documento resultante do consenso dos participantes deste encontro, constando mais de 700 compromissos voluntários de países, empresas e organizações não-governamentais para fazer avançar o acesso e a redução à água potável incluindo igualmente o saneamento básico.

Na cerimónia de encerramento da conferência, o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres afirmou que “Esta conferência demonstrou uma verdade central: a água une-nos a todos. E flui através de uma série de desafios globais. É por isso que a água precisa de estar no centro da agenda política global. Todas as esperanças da humanidade para o futuro dependem, de alguma forma, de traçar um novo rumo para gerir e conservar de forma sustentável a água para as pessoas hoje e amanhã.”

Na RAEM, o maior problema têm a ver com o desperdício e fugas de água na rede de abastecimento público e privado com uma taxa média de fuga na última década estimada em cerca de 10%, o que é manifestamente elevada. As autoridades competentes devem esforçar com medidas pragmáticas e efectivas para reduzir o consumo de água, principalmente nos empreendimentos turísticos, procedendo à avaliação e classificação da eficiência hídrica pelo referencial internacional que permite identificar as melhores medidas de eficiência hídrica e de aproveitamento de água de origens alternativas aplicáveis a cada caso, para o uso mais eficiente da água e da energia e com isso atingindo-se a eficiência hídrica.

Quanto à redução do consumo de água na RAEM, as autoridades competentes devem implementar medidas de comprometimento geral da sociedade com a sustentabilidade, tendo em conta a consciência da necessidade de contribuir, também, de forma efectiva e imediata, para a redução e promoção de um uso mais eficiente de água principalmente nos empreendimentos turísticos.

As autoridades competentes devem por exemplo e especificamente proceder à monitorização de forma regular o consumo de água, por áreas de operação dotadas de capacidade técnica para antecipar desvios que possam ser rectificáveis, permitindo uma rápida detecção e intervenção no caso de fugas de água com recursos a sensores de detecção, alarme e controlo automático de fugas.

Nos serviços públicos e empresas públicas e privadas deve-se privilegiar a disponibilização da água da torneira para consumo, em alternativa à água engarrafada através dos jarros de água, reduzindo-se quando possível, a oferta de bebidas com gelo. Nos jardins públicos, deve-se generalizar a instalação de um sistema de irrigação eficiente através do método de rega adequado ao tipo de plantas existentes e, preferencialmente, com rega “gota a gota” e inteligente automação, gestão e controlo incluindo estação meteorológica e sensores de humidade nos espaços verdes e promovendo regas nocturnas, reduzindo as perdas por evaporação, incluindo a recolha de água da chuva para outro uso secundário  passível de reaproveitamento para rega de espaços verdes ou outros usos.

Com a efectiva introdução das supracitadas medidas e outras atinge-se a eficiência hídrica, ganham as regiões, o planeta e o sector das actividades turísticas.

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