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 INTERVENÇÃO ANTES DA ORDEM DO DIA

 

A quase duas décadas após o estabelecimento da RAEM, custa acreditar que a falta de condições básicas necessárias para vivência decente de uma família continuem a ser entre outras questões, a habitação, saúde pública de qualidade, rede eficiente de transportes públicos, qualidade educativa. A constante degradação da qualidade ambiental e a transformação de Macau numa cidade cimenteira tem contribuido para diminuir a qualidade de vida da genralidade dos residentes.

A RAEM está cada vez mais suja com pontas de cigarros por todos os lados por falta de recipientes próprios para a sua recepção. Aumentou o número de fumadores que escolhem os espaços públicos principalmente nas paragens de autocarros. E por mais que os varredores se esforçem por limpar a cidade ela continua dia-a-dia a ser uma cidade cheia de sujidade face a impunidade dos infractores à lei.

Os jovens licenciados na sua maioria preferem trabalhar para o Governo ou em alternativa na indústria do Jogo. Os que arriscam por criar uma pequena ou média empresa não tem mãos a medir para enfrentar a burocracia e a lentidão no processamento administrivo. E não obstante os churrudos apoios financeiros as queixas das PME repetem-se todos os anos, e muitas delas com dívidas bancárias face aos empréstimos contraídos ao Governo e que são uns autenticos “presentes envenendos”.

A aproximar duas décadas após o estabelecimento da RAEM os trabalhadores da função deixaram de acreditar na esperança de “aparecerem” melhores governantes e os felizardos adstritos ao regime do fundo de pensoes há muito tempo que fazem a contagem retrógada para aposentarem. Os melhores e mais experientes vão-se embora deixando os mais novos à deriva e sem futuro porque começaram a compreeder que possuir uma casa do Goveno é uma miragem e a velhice vai ser um grande problema porque vão ser abandonados não obstante total dedicação exclusiva ao serviço público e da comunidade.

E a situacao é mais preocupante quando falamos das FSM em que a disciplina, rigor e exigências são maiores. Que esperanca estamos a incutir nos jovens que comecaram a perceber que nem duplicando os salarios conseguiram algumna vez adquirir uma moradia decente para si e familia. O que serão deles na velhice, provavelmente muitos terão de recorrer aos servicos sociais para sobreviverem?

A quase duas décadas após o estabelecimento da RAEM, custa acreditar que os residentes estejam a viver nestas condições num reino de tamamha fartura finnanceira.

Os cidadões já habituaram-se e não reagem aos relatórios regulares de auditoria pública porque a “culpa morre sempre solteira” face ausência de responsáveis pelo despezismo público. E os erros cometidos não servem de lição para evitar repetições dos erros cometidos.

A falta de responsabilização política dos titulares dos principais cargos é uma realidade. Os valores de ética profissional, abuso dos poderes públicos dos cargos que exercem são a ponte de um enorme ‘’iceberg’’ que revela a gravidade com que alguma das tutelas gerem e tutelam os serviços públicos como se fossem seus próprios “jardins particulares”.

Aos cidadãos resta esperar pelos ‘’ventos’’ do norte para que a ‘’sujidade’’ seja varida e melhores dias aparecem, porque a RAEM merece mais e melhor qualidade de vida face aos sacrifícios dos últimos 17 anos da sua existência que teve de suportar.  

 

O Deputado à Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial de Macau aos 21 de Março de 2017.

 

José Pereira Coutinho

 

 

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